Sempre que pensava em Adam Smith o imaginava como o patriarca da ciência econômica. Teorias econômicas como “A mão invisível” e “a benevolência do padeiro…” me fizeram acreditar que Adam Smith tinha nascido para os números e que sua mente era baseada na frieza e exatidão dos cálculos e previsões econômicas.
Recentemente li um livro sobre a vida e obra de Adam Smith intitulado: O Autêntico Adam Smith, escrito por James Buchan, que me mostraram um Adam Smith filósofo e professor na academia de Glasgow e além da sua clássica obra A Riqueza das Nações e Smith escreveu A Teoria dos Sentimentos Morais.
Se a Riqueza das Nações é um tratado sobre riqueza e trabalho nas nações, A Teoria dos Sentimentos Morais é um livro sobre o homem e sua natureza moral.
No livro James Buchan descreve Adam Smith como um indivíduo simples e angustiado com o seu tempo e consigo mesmo.
“[…] Temos assim dois Adam Smith. Um cauteloso, prolixo, virtuoso, qualificado, liberal com ‘I’ minúsculo e totalmente desprezado. O outro é um liberal com ‘L’ maiúsculo, conciso, ousado e sombrio e um dos homens mais famosos do mundo […]”.
Buchan analisa os aspectos locais e temporais sob os quais Adam Smith escreveu a Riqueza das Nações e esclarece: “O mundo em que Adam Smith vivia quando escreveu a sua obra, não se apoiava numa economia moderna, mas tinha tanto a ver com o império romano quanto a época de Alan Greenspan e Gordon Brown. Nem a economia e nem o capitalismo existiam como estado normal. E conclui: “Smith achava que a aplicação capital mais benéfica era a agricultura.”
O autor também dedica capítulos sobre o segundo mais importante livro de Smith: A Teoria dos Sentimentos Morais, que segundo autor causou delírios de satisfação a Edmund Burker e que escreveu após ler o livro:
“Uma teoria como a sua, baseada na natureza humana, que é sempre a mesma, irá durar, enquanto aquela que se baseiam na opiniões dele, que estão sempre mudando, serão e deve ser esquecidas.”
O autor explica que: “A teoria dos sentimentos morais procuram explicar não porque uma ação é certa e outra é errada, mas como, num mundo que dispensou a autoridade externa, chegamos a sentir que elas são assim. Trata-se de uma busca, não por uma doutrina do que é certo e bom para os seres humanos em todas as épocas, mas por uma teoria de como os seres humanos formam julgamento do que esta certo e do que esta errado em determinada ocasiões. Aprendemos não porque as mulheres devem ser castas, mas porque os homens acham que elas devem sê-lo.”
Alguns pensamentos contidos no livros:
“A economia política não trata da totalidade da natureza humana modificada pelo estado social, nem da conduta do homem na sociedade. Ela se preocupa com ele exclusivamente como um ser que deseja possuir riqueza e é capaz de julgar a eficácia dos meios para obter esse fim; prevê somente os fenômenos do estado social que têm lugar em consequência da busca de riqueza ; e faz abstração de todas as outras paixões ou motivos humanos.”
-John Stuart Mill
“Juntamente com seus amigos Smith via a educação generalizada não como ameaça a ordem social, mas como um meio para estabilizá-la. ele propôs simplesmente que o curso elementar de geometria e mecânica seria mais útil para as pessoas comuns que o latim.”
-James Buchan
“Em suas palestras e também num fragmento inicial de A Riqueza das Nações, Smith afirmou que a inovação industrial quase sempre e originava no campo ou no chão da fábrica; mas que os processos revolucionários, como o motor a vapor, são obras de mentes contemplativas.”
-Adam Smith
“A simpatia é espontânea até mesmo espasmódica, como quando ‘as pessoas na multidão olham para a dançarina na corda bamba, torcem e balançam seus corpos à medida que a vêem fazê-lo e à medida que sentem o que elas mesmas deveriam fazer se estivessem na mesma posição. Esta simpatia é levada do circo para a arena moral. Quando julgamos uma ação de outra pessoa não olhamos simplesmente seu resultado…'”
-James Buchan, sobre a simpatia que é retratada em a Teoria dos Sentimentos Morais
“Uma mão invisível os guia a fazer quase a mesma distribuição distribuição do necessário para a vida que teria feito caso a terra fosse dividida em parcelas iguais entre todos os seus habitantes.”
-Adam Smith
“Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas sim da consideração dele pelo seu interesse próprio.”
-Adam Smith
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