Porque um soberano com um exército milhares de vezes maior que um grupo de marinheiros espanhóis liderados por Hernán Cortez nada fez para impedir a invasão espanhola ao seu território? Porque Montezuma, o imperador Asteca, não deu ouvidos aos seus jovens e intrépidos “generais” que insistiam para que o imperador os ordenasse a expulsão dos espanhóis de suas terras?
Talvez a respostas esteja naquilo que a escritora americana Barbara W. Tuchman chamou em seu livro “A Marcha da Insensatez – de Troia ao Vietnã” de insensatez daqueles que contra todas as evidências negavam-se a oportunidade de enxergar o óbvio. Pura e simplesmente insensatez.
Sim, talvez tenha sido insensatez. O fato é que um punhado de homens espanhóis, que mal se aguentavam de pé, derrotou os nutridos e corajosos guerreiros Astecas. Os espanhóis não obtiveram uma vitória épica tal qual a vitória do rei Leônidas e seus 300 soldados espartanos contra o exército de Xerxes I na batalha das Termópilas. Foi a astúcia, a inteligência, a crueldade do espanhol Hernán Cortez, guerreiro mercenário, que liderou o exército de cerca de 600 marinheiros maltrapilhos contra o império Astecas em seu território, riscando-o do mapa aquela que para muitos historiadores foi uma das mais avançadas das civilizações antigas.
Foi um genocídio, perpetrado pela ganância da coroa espanhola aliada a sede de conquista de Hernán Cortez contra o medo, contra a superstição de uma poderosa nação, mas que devido a sua cultura, hábitos e crenças acreditava que Hernán Cortez era um ser misterioso a muito profetizado e que veio pelo mar para se fazer cumprir profecias milenares.
Quando Montezuma abriu os olhos, já era tarde: seu exército estava esfacelado, sua moral rebaixada, o povo revoltado sem liderança. Era o fim trágico de um império e o começo de uma outra nação, um outro povo. Ao fim dessa epopeia, nascia o estado do México.
O escritor Marcus Vinícius de Morais descreve a história dos algozes e de suas vítimas, da coroa espanhola e dos Astecas no livro “Hernán Cortez – Civilizador ou Genocida? ”.
O livro tem mais foco na figura de Hernán Cortez, desde a sua origem humilde até o posto de general conquistador das Américas. Já sobre o povo astecas e seu sofrimento não é relatado com tantos detalhes. Mas isso não diminui o grande trabalho do autor. No final fica um sentimento de vergonha pelo que somos capazes de fazer sob a alegação de civilizar os povos ditos como “selvagens e de hábitos pagãos” e com isso exterminá-los.
Foi assim com os índios americanos, foi assim com os índios brasileiros, foi assim com o povo Asteca a mais de 500 anos atrás.
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