Em mais um dos seus bons trabalhos, a escritora Mary Del Priore descreve de forma elegante e até diria com certas sutilezas eróticas como o próprio tema exige, os últimos 500 anos da história do erotismo no Brasil.
Neste trabalho a autora revela fatos interessantíssimos sobre a sexualidade e o erotismo desde do império até a sociedade brasileira atual.
A autora começa fazendo uma análise sobre os hábitos de higiene no Brasil do século XV, e relata muitas curiosidades interessantes na época imperial, como os odores íntimos que para nós seriam insuportáveis, a perseguição da Igreja à nudez indígena, a predileção dos europeus pelas mulheres de peles bronzeadas e de corpos de curvas voluptuosas de cabelos negros, a forma galante e sedutora dos homens levarem as mulheres para a cama, o sexo na intimidade da realeza e do “povão” entre outros temas.
Chama atenção as descrições que Del Priore faz sobre os odores em relação a higiene ou melhor dizendo a falta dele.
“Hábitos de higiene, hoje associados ao prazer físico, eram inexistentes. Entre os habitantes da América portuguesa, a sujeira esteve mais presente que a limpeza”.
Acrescente-se ao texto da autora que indistintamente de classes, a coisa era muito feia. O mal cheiro durante o ato sexual era de tal forma insuportável, causado principalmente pela falta de higiene íntima de ambos os sexos, que era muito comum derramar frasco de perfumes “lá” com o intuito de deixar a coisa próxima do aceitável. Contudo é importante como explica a autora, levar em conta que era uma questão da época, e que por isso as pessoas tinha olfato digamos assim mais rústicos em relação aos odores que emanavam do corpo humano quando a higiene era escassa ou inexistente.
Outro aspecto interessante do conteúdo do livro é a questão tratada no final do capítulo que trata das transformações pelas quais passaram as relações íntimas. Aqui vale uma observação sobre os dias atuais- Já não é possível separar, no meu ponto de vista, a sensualidade erótica da exposição do corpo feminino de forma quase pornográfica. Lembro-me de um amigo meu, que se deleitava, com as lembranças da sua época em que a simples visão do tornozelo feminino levaria o homem ao delírio erótico.
Hoje infelizmente, a nudez feminina banalizou-se a tal ponto que o simples fato de ver uma mulher com seu microvestido desfilando no shopping não causa no homem o efeito desejado.
Houve uma época em que o homem imaginava-se despindo a mulher desejada, hoje faz-se o contrário, quando vemos uma mulher a vestimos em nossos pensamentos para depois despi-la em nossos sonhos, e assim viver um pouco deste passado erótico.
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