Recentemente estava navegando na internet e encontrei uma pergunta no Yahoo : suas atitudes são insensatas? A resposta da maioria mostrou que a insensatez é característica da natureza humana dado que somente nós humanos somos capazes de pensar, condição sine qua non para atitudes insensatas. E não poderia ser diferente posto que os sentimentos humanos são feitos em sua maior parte por lados opostos coexistindo o mesmo ser, neste, o homem insensato.

Algumas vezes ser insensato pode ser bom quando o é por amor. Na literatura, no teatro, na música. Veja Tom Jobim e Vinicius de Moraes cantam a insensatez de um coração que é insensato ao amar.

É comum ser insensato em alguns momentos da vida. E isso nem sempre é um mal, a não ser para quem o cometeu, como no exemplo da música de Tom cujo o sofrimento tem apenas uma vítima: o próprio coração. Mas há também a insensatez que traz prejuízo materiais e morais capazes de destruir nações, acabar com populações inteira em nome da ambição, do ódio e do preconceito. Existem pessoas que cometem atos de insensatez em todas as partes, mas há quem o faça em grau tão elevado que vai da insensatez a estupidez num piscar de olhos.

Quando o governante, responsável pelo destino de milhares de pessoas, é insensato, e quando este ato culmina com a destruição de um povo, a insensatez atinge o seu mais elevado grau de insanidade que o homem pode suportar.

Dito isto, é sobre a insensatez dos governantes que a escritoa Barbara W. Tuchman tão brilhantemente escreveu o livro “A Marcha da Insensatez – de Troia ao Vietnã”.

Tuchman analisa com uma precisão cirúrgica, cinco exemplos de insensatez de governantes que diante de todas as evidências que apontavam para os erros fatais que estavam prestes a ser cometidos,
e que como a autora afirma, “contra os próprios interesses dos governantes” e mesmo assim eles continuaram com suas certezas.

A autora mostra como a cegueira coletiva dos troianos que não acharam nada estranho serem presenteados pelos Gregos com um enorme cavalo de madeira. Esta imprudência trouxe a derrota para os troianos. Tudo em volta indicava que aquilo era um armadilha, mas Tróia foi insensata e não querer pelo menos ver o que havia dentro daquela esquisitice de madeira.

Outro exemplo da insensatez dos governantes foi o aniquilamento da civilização Asteca comandada pelo espanhol Ernan Cortez em 1519. Se Montezuma tivesse dado ouvidos a voz da razão e não tivesse a religião tão enraizada em sua cultura, talvez o México como nação que conhecemos hoje não existisse. No lugar de expulsar os espanhóis, quando todas as evidências apontavam para esta direção, Montezuma resolveu acolhe-los. Esta insensatez pôs fim a uma das mais avançadas civilizações das américas.
Tuchman analisa outros exemplos de insensatez como a queda do reino de Jeroboão, a independência dos Estados Unidos e a guerra do Vietnã. Todos cometeram terríveis erros que custaram a vida de milhares de pessoas.

“Enquanto todas as demais ciências progrediram, a de governar marcou passos; está sendo praticada, hoje, apenas um pouco melhor que há três ou quatro milênio.”
John Adams, segundo presidente dos Estados Unidos.