Um guia indispensável para compreender o Islã do século XXI
O que esta acontecendo hoje no mundo islâmico, potencializado principalmente pelas as ações do EI (grupo radical Estado Islâmico), pode ter origem no século XVIII quando a Europa expandiu seus domínios sobre o império otomano, causando ao final da primeira guerra mundial o fim de séculos de gloria de um povo. No primeiro milênio da era cristã, enquanto o mundo ocidental apoiava-se na filosofia medieval, os árabes estudavam e traduziam o pensamento grego, mantinham grandes bibliotecas (A Casa da Sabedoria – Jonathan Lions – 2011), iniciava algarismo, enfim, preparava um legado cultural que muito serviu de base para a construção do pensamento ocidental do século XVI aos dias atuais.
Após a primeira guerra mundial, A Europa e os Estados Unidos dividiram (colonização) entre si uma parte dos países muçulmanos (Síria, Iraque, Palestina, Indonésia) e inseriram a cultura europeia e a American way of life na milenar cultura árabe.
Quais são as responsabilidades da Europa e dos EUA nos conflitos do oriente médio, sobretudo a guerra civil da Síria? Quais fatos históricos contribuíram para o enfraquecimento político e religioso da nação árabe? Por que apesar da imagem negativa deixada por grupo como EI e Boko Haram, o número de seguidores do islamismo continua crescendo a ponto de ter hoje mais de 1,3 bilhões de fiéis? (https://es.wikipedia.org/wiki/Anexo:Principales_grupos_religiosos).
O que significa reformar o Islã?
São essas questões que Tamara Sonn, professora de religião e humanidade no College Of William and Mary, Estados Unidos, examina em seu livro Uma Breve História do Islã.
Nos primeiros capítulos, a autora relata o passado glorioso do império muçulmano. Tempos de conquistas e efervescência cultural. A época de ouro da cultura árabe.
Mas é no capítulo 4, Colonialismo e Reforma, que Tamara Sonn examina profundamente a conquista sistemática dos europeus aos territórios árabes e a sua exploração.
Nos capítulos seguintes, Sonn revela que os fenômenos que levaram a queda do Império Otomano são muitos complexos, devido a diversas fraturas internas desde que Maomé (632) fundou a base da religião muçulmana. Porém, a maior responsável pela queda deste império foi a ambição europeia em expandir seus domínios, conquistar novas fontes de riqueza e por acreditar que a cultura Europeia e a religião (sobretudo a cristã) eram o modelo de um mundo próspero e feliz, e que as demais culturas, com exceção a norte americana, eram atrasadas.
“O que aconteceu com o movimento para reviver o compromisso do islã com a razão e o progresso, que se desenvolveu durante século? Será que ainda vive em alguma parte? ” – Tamara Sonn
O que os extremistas muçulmanos estão fazendo para reconquistar a soberania dos tempos dos califados é desprezível, mas não se pode esquecer os verdadeiros fatos por trás de tais barbáries.
O passado pode um dia ser esquecido por quem conquista, porém jamais será esquecido pelos conquistados. Pois as marcas destas conquistas não se apagam nunca.
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