Existem muitos livros sobre o comunismo. Há livros bons e ruins. Certamente o livro Do Comunismo do filósofo romeno Vladimir Tismaneanu é um bom livro sobre o comunismo.
“Três mitos desabaram juntamente com a queda dos regimes leninistas: a infalibilidade, a invencibilidade e a irreversibilidade nos sistemas comunistas. O comunismo foi uma forma de ressentimento. Foi um fundamentalismo político moderno, um engajamento num projeto histórico absoluto.”
O regime comunista do alto da sua onipotência não foi capaz de perceber que não se pode salvar o náufrago secando o mar. O autor que já foi comunista, compreendeu a origem do mal ao refletir que a única forma da realização do sonho comunista seria através da destruição do indivíduo em prol de um mundo inalcançável.
“O comunismo é uma utopia coletivista – igualitária que exerceu uma fascinação para o militarismo, especialmente para os intelectuais revolucionários… Por que tantos homens caíram no comunismo? O segredo é: fraternidade, liberdade e igualdade… a época da razão culminou no universo congelado do terror racionalizado.”
“Há duas direções na mensagem de O Manifesto do Partido Comunista que antecipam as elaborações futuras da teoria marxista. De um lado, é a ênfase colocada no desenvolvimento autônomo, orgânico da consciência de classe. De outro lado, temos a glorificação e o culto da violência.”
O autor analisa o comunismo na Armênia, Albânia, Polônia e Bulgária sob o domínio ideológico stalinista. O leste europeu vivia um pesadelo:
“O Stalinismo representou a ideologia do partido e da burocracia de estado e marcou uma ruptura clara do conceito inicial de internacionalismo da revolução bolchevique. […] Em consequência, a URSS passava a ser a vanguarda do movimento internacional comunista e o centro dinâmico da política mundial. […] Ao mesmo tempo, Stalin deixou a marca da sua personalidade sobre a natureza do sistema: obcecado pela traição, pelas subversões e pelos inimigos, criou uma cultura política baseada na suspeição e no terror.”
O comunismo é um zumbi que acredita que a utopia não morreu. Que a luta do materialismo-histórico ainda vive nas mentes privilegiadas da esquerda caviar. No Brasil o Foro de São Paulo busca a ressurreição da besta que promete o paraíso para no final lança todos no inferno. Certamente o zumbi esconde a putrefação por baixo de uma nova pele. O autor revela que o comunismo está se adaptando às mudanças.
“Em dezembro de 1991, o império multinacional denominado URSS foi dissolvido. A ruínas do comunismo na Europa ofereceu espaço às mitologias políticas alternativas, fato que determinou a proliferação do que denomino os fantasmas da salvação: substitutos ideológicos cuja função principal é unificar o discurso público e oferecer aos cidadãos uma fonte de identidade fácil de reconhecer como parte de uma comunidade vagamente definida etnicamente ou politicamente.”
Esta é a face do comunismo romeno que Vladimir nos mostra numa visão universalizada de quem nasceu no meio do comunismo, conheceu as suas entranhas e compreendeu o seu lado nefasto.
Do Comunismo (2007) foi lançado no Brasil em 2015 pela editora Vide Editorial e traduzido por Elpídio Mário Dantas Fonseca.
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