A Guerra Não Tem Rosto de Mulher. Foram poucas as mulheres nos séculos XX e XXI que escreveram com relevância sobre a segunda guerra mundial. Barbara Tuchman está entre essas mulheres com o seu livro A Marcha da Insensatez.

Guerra é  coisa de homem e por isso que há poucos livros escritos por mulheres. Mulheres não sabem descrever a bravura do herói,  não compreendem as estratégias militares e muito menos os motivos que levam as nações  à guerra. Ledo engano.

As mulheres nem só são  capazes de descrever uma guerra do ponto de vista da estratégia militar como também faze-lo a partir do olhar que somente as mulheres são capazes de lançar sobre os horrores da guerra e  falar de detalhes que somente os olhos da mulher são capazes de ver e o coração de sentir. Então quão profundo não seria essas reflexões se elas mesmas tivessem participado das guerras, no front, e tornassem público suas dores, seus medos, sua revolta sobre o que viu e sentiu na guerra?

   É  sobre a participação das mulheres soviéticas como soldados na segunda guerra mundial, relatos amargurados sobre suas experiências em que os limites humanos são testados ao máximo,   que a escritora russa Svetlana Aleksiévitch mostra em seu livro A Guerra Não Tem Rosto de Mulher. O livro retrata a história de mulheres comuns que quando meninas serviram no exército soviético contra os alemães na segunda guerra mundial. São mulheres que na época eram crianças, que muitas vezes iludidas pelas propagandas comunistas sob a liderança de Stalin,  lançavam-se com orgulho patriótico e inocência de quem sonha com contos de fada, no inferno de sangue e corpos destroçados.  Elas foram participantes ativas do maior horror de toda a história da humanidade.

   Hoje, as que sobreviveram a guerra são mulheres que já passaram do 50 anos de idade que com muita dificuldade, mas com uma vontade imensa de quebrar o silêncio, conta para a autora suas histórias. Vidas de mulheres na guerra cujos corações foram criados para o amor maternal, estavam ali agora falando como destruíram vidas, como resgataram soldados aos pedaços, como mataram a inocência em seus corações.

Elas foram humilhadas por serem mulheres em uma guerra de homens. Elas trazem em suas cicatrizes a marca da insensatez que leva os homens a se comportarem como bestas.

Seus relatos são tristes. Há um grito preso na garganta dessas mulheres que nenhuma medalha foi capaz de tirar. O tempo passou e elas não querem morrer com esse grito entalado na garganta. Svetlana as ouviu e colocou estes gritos para todo o mundo ouvir.

 

 

Leitura recomendada:

A MARCHA DA INSENSATEZ

O livro A guerra não tem rosto de mulher foi lançado no Brasil em 2013 pela Companhia das Letras.