Pouco se escreve sobre a participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial. No ensino médio e no ensino superior, exceção talvez para as escolas militares, a entrada do Brasil na grande guerra não faz parte da grade curricular dos alunos. Portanto, a maioria dos brasileiros não sabe quando o Brasil entrou na primeira guerra mundial, e como foi a sua participação e muito menos qual foi a importância desta empreitada para o desenvolvimento sócio-econômico do Brasil.
Para quem tem curiosidade sobre este assunto deve ler o livro Brasil na Primeira Guerra Mundial – A longa travessia, de autoria do historiador militar, professor, pesquisador e oficial de Artilharia de Exército Brasileiro Carlos Daróz. O livro reúne o resultado de uma vasta pesquisa em diversas instituições militares, governamentais, museus, bibliotecas públicas entre outros.
Em 28 de junho de 1914 o mundo entra em guerra. A guerra total, segundo o general prussiano Carl Von Clausewitz. Nesta fatídica data o mundo passaria a conhecer o que Niall Ferguson chama de “O Horror da Guerra”.
O Brasil se manteve neutro até 1917, e quando participou do grande conflito envolveu menos de dois mil homens. Praticamente nada em termos de quantidade de combatentes dos exércitos Aliados e Alemão. Além disso, entre os que participaram da guerra através de alguma missão, a maioria morreu vitimada pela gripe espanhola.
Nesta época, o Brasil vivia um momento crítico em sua economia e o café era o principal produto de exportação. Para piorar, a Alemanha estava entre os seus maiores parceiros comerciais. Café não é ingrediente indispensável na guerra e por isso a guerra teve um impacto devastador na economia do Brasil.
Conforme explica Daróz, o Brasil entrou na guerra após vários ataques de submarinos alemão a navios brasileiros, inclusive em águas brasileiras. Diante das pressões interna o então presidente Wenceslau Braz reconhece que o Brasil está em estado de guerra contra a Alemanha e em 1917 o Brasil sai da neutralidade.
Apoiado por figura como Rui Barbosa, o Brasil sai da neutralidade com o apoio da população e um forte sentimento negativo sobre o povo alemão, principalmente em relação aos alemães que viviam no sul do país.
“O receio de uma vitória alemã custar a perda de parte do território ao sul do país, como defendia a corrente germanófila, foi um dos fatores preponderantes para a entrada do país na guerra. Setores da elite nacional, como o jurista Rui Barbosa, identificaram o perigo e trabalharam incansavelmente para que o país deixasse a condição de neutro e se posicionasse ao lado da Entente.”
Contudo, a participação do Brasil foi desastrosa devida a falta de tecnologia, a falta de homens preparados e a falta de armamento pesados. Problemas que atingiam o Exército, a Marinha e a Aeronáutica do Brasil.
“Diante de tal magnitude, é razoável considerar que a participação do Brasil ao lado da Entente foi extremamente limitada, senão inexpressiva para considerar o resultado final da guerra. Mas, se no contexto global a participação do Brasil foi pequena, para o país trouxe reflexos significativos e promoveu profundas transformações políticas, econômicas, sociais e militares.”
A leitura é agradável, e apesar de as vezes o autor tornar a leitura cansativa com grandes listas de nomes de participantes da guerra, figuras importantes e dados estatísticos da guerra, o livro é rico em imagens e detalhes, colocando-se entre os melhores livros sobre a participação do Brasil na primeira guerra mundial. É uma excelente fonte de estudo.
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