CONFLITOS DE VISÕES

Thomas Sowell, autor de Ações Afirmativas ao Redor do Mundo, discute em seu livro Conflito de Visões, como as divergências de opiniões dão origem às disputas políticas e de que maneira estes conflitos transformaram o indivíduo e a sociedade; e como as visões de iminentes pensadores e líderes políticos foram determinantes na consciência coletiva.

A visão que temos da vida diz pouco da realidade porque é da nossa natureza nutrir a alma de angústias que ofuscam as percepções. Por todos os lados há conflitos criados por nossos desejos e necessidade. A filosofia sugere que criamos os nossos conflitos a partir da nossa incapacidade de entender nosso ethos. A religião, porque é a compreensão de Deus que queremos alcançar. Ao fim e ao cabo o que queremos mesmo é resolver os nossos conflitos internos, pois dele nascem todos os outros, inclusive os conflitos gerados pelas ideias políticas.

“Uma visão,  como o termo é usado aqui, não é bom sonho, uma esperança, uma profecia ou um imperativo moral, embora qualquer uma dessas coisas possa finalmente provir de alguma determinada visão. Aqui, uma visão tem um sentido de causalidade. É  mais como um palpite ou um “instinto” do que um exercício de lógica ou de verificação facial.”

Na política, as divergências de opiniões criam o ambiente propício para as disputas para alcançar o poder, e neste cenário, na maioria das vezes, o bom senso perde espaço para a ambição e para a prepotência. Transforma o palco político no espaço  para o exercício das vaidades.

“As batalhas políticas diárias são um pot-pourri de interesses específicos, emoções coletivas, conflitos de personalidade, corrupção e vários outros fatores.”

“Na prática, em muitas ocasiões, as pessoas sacrificam seus próprios interesses em benefício dos interesses maiores dos demais, de acordo com ele, mas isso decorre de fatores intervenientes, como devoção a princípios morais, conceitos de honra e nobreza, em vez de amar o outro como a si mesmo.”

Sowell acredita que a representação maior destes conflitos vem de dois grandes blocos de pensamentos que divide tudo em dois lados das ideias politicas. Sowell classifica estes blocos que se colocam em lados opostos de visão irrestrita e visão restrita.

“A visão restrita, pelo contrário, vê os males do mundo como resultado das escolhas restritas e infelizes disponíveis em função das limitações morais e intelectuais inerentes aos seres humanos. Para melhorar esses males e promover o progresso, os indivíduos confiam em características sistêmicas de certos processos sociais, tais como tradições morais, mercado ou famílias.”

Certamente, Sowell descreve aqui o sentido de viver sob os princípios conservadores. Enquanto na visão irrestrita, estão os princípios progressistas.

“Na visão irrestrita está implícita a ideia de que o potencial é muito diferente do que é real, e isso significa que existe para aprimorar a natureza humana rumo a seu potencial, ou que tal recurso pode ser desenvolvido ou descoberto, para que o homem faça a coisa certa pela razão certa, em vez de agir por posteriores recompensas psíquicas ou econômicas.”

Visões irrestritas e visões restritas são conflitantes a medida que estas encontram-se em lados opostos em suas ideias e objetivos.

“Na visão irrestrita, não há razões insolúveis para os males sociais, portanto, não há razão para que estes não sejam resolvidos, com suficiente comprometimento moral. Contudo, na visão restrita, independentemente de artifícios ou estratégias que reprimam ou melhorem, os próprios males humanos terão custos, alguns na forma de outras doenças sociais criadas por essas instituições civilizadoras. Sendo assim, tudo o que é possível é uma contrapartida prudente.”

Não é possível uma sociedade sem conflitos. Os conflitos de visões como fatores determinantes para o alcance dos interesses comuns refletem diretamente na liberdade e direitos em uma democracia. A própria ideia de liberdade opõe-se em algum sentido a ideia de direitos. Então é o bom senso que será o único elemento para o verdadeiro caminho para a paz, prosperidade e justiça.

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3 Comentários

  1. Pedro de Alcântara

    No último parágrafo, o correto é bom senso, e não bom censo.

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