As Ideias têm Consequências, obra do filósofo político norte-americano Richard Weaver (1910-1963), analisa a decadência da sociedade moderna como resultado dos pensamentos que mergulham o homem num precipício sem fim.
De cabeça para baixo, subimos escadas em direção a um objetivo fora da realidade, na contramão natural dos sentidos das coisas moralmente críveis.
As sensações e percepções obtidas das coisas reais, dão a exata dimensão dos elementos e explica os seus porquês. Estas percepções permitem níveis de abstrações com influências diretas sobre o mundo visível e transcendente. Isso permite o homem imaginar, inventar, recriar e buscar teorias unificadoras. Na filosofia ideias colocam os homens frente as suas limitações por falta das respostas. Isso assusta e move as energias em direção ao amanhã o mais distante possível criando uma nova natureza da alma. Weaver ao analisar esta natureza do homem, sustenta que:
“Todo homem que faz parte de uma cultura possui três níveis de reflexão consciente: suas ideias específicas sobre as coisas, suas crenças ou convicções e sua visão metafísica do mundo. […] O encontro de mentes, a afinidade entre personalidades que todas as comunidades cultas consideravam como parte da boa vida, exige muito sentimento de um mundo de máquinas e falso igualitarismo, e percebesse até mesmo uma ligeira suspeita de que a amizade, por basear-se na seleção, é antidemocrática.”
“Chegamos a um ponto em que a seguinte pergunta deve ser feita com toda seriedade: será que o homem deseja viver em uma sociedade ou em uma espécie de comunidade animal? Pois, se o banimento de todo tipo de distinção continuar, não haverá esperança de integração senão no nível do instinto.”
Uma vez que o homem vive numa sociedade este se encontra inserido no caleidoscópio de virtudes, vícios, status sociais, dinheiro e poder. Cada um traz em si a marca da sua identidade e não vê no outra esta mesma identidade. Pelo contrário, o outro é um retrato mal formado de sua própria identidade. Sendo assim, a ideia de igualdade tende a ser um agente desagregador do relacionamento interpessoal, portanto, um distúrbio na coletividade. Frente a isso, Weaver faz a seguinte advertência:
“A igualdade e um conceito desorganizador, na medida em que as relações humanas supõem uma ordem. Ela é a ordem destituída de fim. Ela tenta estabelecer uma arregimentação sem sentido e infrutífera daquilo que, desde tempos imemoriais, recebeu uma ordem por meio do esquema da criação.”
“Deveria ficar claro, a partir do que se disse anteriormente, que o homem moderno sofre de uma severa fragmentação em sua visão de mundo. Essa fragmentação leva diretamente a uma obsessão pelas partes isoladas.”
As reflexões de Weaver são um diagnóstico de uma sociedade doente cujo câncer se alastra em metástase em suas estruturas mais básicas. As ideias que permeiam os espíritos mais promissores responsabilizam-se pelas conseqüências destas.