A Arte de Ter Razão, pequeno tratado que contém 38 estratagemas do filósofo prussiano do século XVIII Arthur Schopenhauer. O autor apresenta as estratégias para se vencer debates de ideias em que o objetivo não é a verdade, mas a vitória a qualquer custo. Daí o título: a arte de ter razão.

Schopenhauer foi um dos mais influentes filósofos da sua época e até hoje seus pensamentos são de grande interesse nos meios acadêmicos e entre os intelectuais. Influenciado por Immanuel Kant (1724), tem no idealismo alemão da sua época a base dos seus pensamentos e ideias. A filosofia schopenhaueriano é marcada pelo pessimismo que se contrapõe a procura pela felicidade. Para Schopenhauer a felicidade é engano, somente o sofrimento é real e a morte o seu fiel companheiro

Em A Arte de Ter Razão, Schopenhauer introduz o seu idealismo em cada um dos estratagemas, mas o que realmente vem à tona é a fatalidade que recai sobre o espírito humano que se reduz a mero capricho das paixões.

O autor deixa transparecer neste tratado a máxima maquiavélica em que o fim justifica os meios. Isto faz dos trinta e oito estratagemas uma doutrina do mal sob vários aspectos, sobretudo porque afoga as virtudes e adorna os vícios na guerra do ganha a ganha.

Obviamente o Schopenhauer compilou esses estratagemas como ferramenta para usar nos debates filosóficos. No livro, freqüentemente o autor faz referências aos raciocínios dialéticos de Aristóteles (322 a.C) de onde extraiu os argumentos para a construção do seu tratado.

Hoje vivemos tempos difíceis, recheados de hipocrisia e relativismo em que impera o politicamente correto. A busca pela verdade perde o sentido e joga no lixo os valores universais.  Comparativamente, o pessimismo de Schopenhauer encontra ecos na nossa época.

Na política, nos meios acadêmicos, nas empresas e em qualquer situação que haja pelo menos duas pessoas discutindo idéias, a verdade que conta é a verdade de cada um. Lança-se mãos de todos os estratagemas retóricos para se ter o monopólio da razão. Quando há consenso, não é fruto de se ter alcançado a verdade em si, mas o resultado do domínio retórico que a parte vencedora possui. Desta formas, a vaidade é a única vencedora e a verdade, aos poucos, vai se esvaindo e caindo esquecimento até morrer.

 

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