Há muito tempo que é mais que evidente a divisão existente na Igreja Católica no tocante ao pensamento católico ortodoxo e a cosmovisão do catolicismo liberal. Muitos teólogos têm escritos obras em defesa da tradição católica, aquela embasada no cristianismo primitivo. Todos buscam resgatar a Grande Tradição católica que por muitos séculos manteve a Igreja fiel a Fé verdadeira. Os dogmas da Igreja cederam lugar às filosofias do naturalismo, do idealismo que, juntamente com o liberalismo, incutiram no seio da Igreja Católica Romana ideias liberais e cientificismo que, rapidamente floresceram, sufocando a cosmovisão ortodoxa cristã. A igreja hoje é mais progressista que nunca.
Estas filosofias põe a razão e o homem no centro das coisas. Deus existe, mais sem os seus mistérios, visto que a ciência se tornou a revelação e o homem o agente transformador de tudo. Agora pode-se chegar a Deus não mais por um só caminho: o da fé única e verdadeira, aquela que desenha apenas um caminho reto em direção a Deus que é Jesus Cristo Salvador, mas por muitas vias – o cientificismo é uma delas. O secularismo foi a solução. O professor Huston Smith, autor do livro “A Alma do Cristianismo”, ao se referir à falácia do naturalismo na cosmovisão cristã, sustenta que: “Os paradoxos deste mundo, desde os nossos afazeres mais simples até os princípios da mecânica quântica e da teoria da relatividade, são a forma que a vida e a natureza encontraram para refletir uma filosofia falsa”.
Entre todos os males que o pensamento iluminista trouxe para Igreja Católica, o liberalismo foi o mais perigoso. Isto é demonstrado pelo educador americano John Gresham Machen (1881-1937) em seu livro “Cristianismo e Liberalismo”. Nesta obra, Machen sai em defesa da conservação da Grande Tradição e desfere duros golpes contra o pensamento liberal que infestou a Igreja Católica, sobretudo, no século XX. Machen mostra o quanto é falacioso a filosofia do liberalismo quando posta diante de Deus e, ao mesmo tempo, ele fortalece com suas argumentações a posição ortodoxas da doutrina cristã.
Machen demonstra que o cristianismo vem travando uma batalha com um novo tipo de crença religiosa, uma antípoda da fé cristã que, segundo o autor, é ainda mais destrutiva por se utilizar da terminologia cristã tradicional. Ele explica que: “Essa religião moderna não redentora é chamada de ‘modernismo’ ou ‘liberalismo’”. Machen enfatiza que “Nesta batalha intelectual do tempo presente, não pode haver paz sem vitória: um lado ou outro deve vencer”. Evidencia desta forma que as duas doutrinas são inconciliáveis.
Quais são as consequências do pensamento liberal para os caminhos da Fé – a única e verdadeira que nos conduz ao Deus único e verdadeiro? Esta questão é facilmente respondida por Machen ao explicar o propósito da sua obra: “Nossa principal questão agora é demonstrar que a tentativa liberal de reconciliar o Cristianismo com a ciência moderna renunciou a tudo o que é peculiar ao Cristianismo, deixando somente aquele tipo indefinido de aspiração religiosa já presente no mundo antes do Cristianismo entrar em cena. ” Com isto, Machen que mostrar o cristianismo liberal nada tem a ver com o cristianismo tradicional, aquele que preserva a Revelação feita pelo Filho de Deus, Jesus Cristo.
Esta “nova religião”, de acordo as reflexões de Machen, de pensamento exclusivamente progressista, não cria um laço profundo com o Criador, mas apenas uma aceitação, uma fé (um misto de ciência e religião) desprovida da Fé verdadeira. Hoje, esta realidade pode ser constatada na visão cristã que o Papa Francisco, na minha opinião o mais progressista dos papas, expõe ao lidar com questões delicadas como o aborto e o casamento entre homossexuais, claramente proibidos pela ortodoxia cristã.
Esta obra de Gresham Machen não me parece uma tentativa de responder a estas questões, mas revelar o quanto o pensamento liberal é nocivo para a tradicional doutrina bíblica. Deus ficou em segundo plano nas vidas das pessoas. Isto está claro na forma a que nos dirigimos a Ele. Nossas condutas revelam, que apesar de clamarmos por seu Nome, o fazemos distante da verdadeira Fé e devoção.
Assim, a Igreja Católica, cuja missão maior é a de conduzir as almas no caminho da retidão, do amor e da Fé, transformou-se numa instituição para explicar os erros do mundo, sobretudo, os seus erros. Ao conduzir os seus fiéis nas doutrinas católicas liberais, na busca pela felicidade imediata, alerta Machen, seremos conduzidos à destruição de nossas almas. Com o catolicismo liberal e progressista, estamos destruindo o caminho que nos conduz a verdadeira Salvação, a saber, Jesus Cristo nosso Senhor e Mestre. Precisamos preservar a única estrada que pode nos levar ao Deus único e Eterno. Portanto, é necessário preservar a Grande Tradição.