Capitalismo e Liberdade é um estudo sobre teorias econômicas que têm o capitalismo e a liberdade como a melhor forma de fazer o indivíduo prosperar. Escrito pelo economista norte-americano Milton Friedman, traz importantes reflexões sobre as causas e efeitos dos diversos arranjos econômicos numa sociedade capitalista e liberal. Além disso, a obra é uma vigorosa crítica à economia planificada dos governos socialistas. Assim, “Capitalismo e Liberdade” contém as principais ideias de Milton Friedman como possíveis propostas para solucionar os problemas econômicos da sua época.
Esta obra é fruto de uma série de palestras proferidas por Friedman em 1956 na conferência de Wabash College. Naquele evento, Friedman propunha reflexões sobre os caminhos da economia liberal e apontava os problemas causados pelo intervencionismo. Assim, esta obra tornou-se um dos marcos do pensamento econômico liberal contemporâneo. Entretanto, para a esquerda, Friedman estava apenas se colocando a serviço do imperialismo americano.
Destarte, ele dedicou esta obra a todos aqueles que “se sentiam profundamente preocupados com as ameaças à liberdade e à prosperidade impostas pelo crescimento do governo, pelo triunfo do estado de bem-estar social e pelas ideias keynesianas que constituíam pequena minoria sitiada, cujos representantes eram considerados excêntricos pela grande maioria de nossos colegas intelectuais”. Deste modo, ele chama à atenção sobre uma política econômica baseada no livre mercado e no fortalecimento do empreendimento privado. Este é o espírito que habita toda obra “Capitalismo e Liberdade”.
Para Friedman, o socialismo tem uma concepção errada sobre a liberdade econômica e a liberdade política. Ele sustenta que é um delírio achar que liberdade individual é um problema político e que o bem-estar material é problema apenas da economia. Pelo contrário, Friedman explica que “as organizações econômicas desempenham um duplo papel na promoção da sociedade livre. Primeiro, como componente da liberdade em sentido amplo, a liberdade econômica é um fim em si mesma. Segundo, a liberdade econômica também é meio indispensável para a consecução da liberdade política”. Naturalmente, numa sociedade pautada pelo liberalismo econômico os problemas de natureza política e econômica também existem. Porém, os remédios propostos pelas ideias liberais são os mais capazes de extingui-los, assegura Friedman.
Na ótica de Friedman, os problemas de um sistema econômico planificado são muitos e recorrentes. Emissão de dinheiro na tentativa de frear o desemprego, congelamento de preço, monopólio do mercado, gigantismo das dívidas públicas, crescimento do passivo da previdência etc, são alguns dos males decorrentes da economia estatal. Todos estes problemas são mitigados pelas estratégias de uma economia capitalista e liberal. Com efeito, Friedman propõe mecanismos que podem solucionar os problemas e alavancar a economia com medidas que encorajam a liberdade econômica. De certa forma, as medidas sugeridas por Friedman refutam as teorias keynesianas. A exemplo da inflação e impressão de dinheiro, em que Friedman defende “há apenas dois mecanismos compatíveis com o mercado livre e com o comércio livre. Um é o padrão-ouro internacional totalmente automático. O outro é um sistema livre das taxas de câmbio, determinado pelo mercado, em transações privada, sem intervenção governamental”.
Há vários temas econômicos analisados por Friedman neste estudo. Entre eles destacam-se a política fiscal e a distribuição de renda. No primeiro caso, ele defende redução drástica do controle governamental e mais liberdade econômica para o indivíduo. No segundo caso, o da política de distribuição de rendas, Friedman explica que “o princípio ético que justificaria diretamente a distribuição de renda numa sociedade de mercado livre é: a cada um de acordo com o que produz, por suas qualificações e por seus instrumentos”.
Nações como o Brasil teimam em apostar no Estado como o único provedor das necessidades do indivíduo e negligenciam as doutrinas liberais na economia e na vida do indivíduo. Pelo contrário, os governos de economia planificada não acreditam no potencial do indivíduo livre e na força duma economia autossuficiente e aberta. Os socialistas acusam o capitalismo como o único causador da desigualdade social. O problema nesta acusação, argumenta Friedman, é que o governo socialista não pensa e não age segundo esses julgamentos. Neste contexto, o capitalismo não corrobora para a pobreza. Longe disso, no capitalismo a desigualdade social é apenas aparente, pois a mobilidade social, algo impensável num sistema socialista, é possível graças à liberdade e a possibilidade que o indivíduo tem para a aquisição de bens. Desta forma, muitos migram para as camadas superiores e deixam a condição de pobreza.
Em outras palavras, o que Milton Friedman propõe neste livro é a manutenção de um Estado menor, menos interventor, menos regulador e que dê mais liberdade para os empreendimentos privados. Estimule o livre mercado e permita que as pessoas, de forma honesta, possam construir riquezas para si através do trabalho. O Estado intervencionista é o maior culpado pelo atraso econômico e pelo subdesenvolvimento em qualquer parte do mundo. O modelo de economia do Estado interventor e provedor, sob as justificativas de igualdade e distribuição de renda, tende a igualar todos no mesmo nível de pobreza. Portanto, Milton Friedman deixa nesta obra um valioso legado a favor da liberdade econômica e do capitalismo, e nos ensina que estes sistemas são, provavelmente, os únicos que podem, quando corretamente orquestrados, proporcionar ao indivíduo a plena realização dos seus sonhos.