Na visão do comentarista político Douglas Murray a sociedade, especificamente a massa que a compõe, parece ter perdido o sentido da realidade. De fato, ideologia de gênero, questões raciais e de identidades estão na base de todos os problemas da sociedade ocidental, particularmente nos EUA. Murray é um dos mais sagazes analista dessas três problemáticas do pós-modernismo. Em A Loucura das Massas Murray investiga como a sociedade norte-americana está se deteriorando por causa de questões identitárias e como isso está afetando a todos nós. Deveras, a pauta é extensa.
Desdobrando o feminismo, o racismo, o gayzismo e o transsexualismo, politizações ideológicas de inclinações libertárias posta à serviço do radicalismo militante, promovem discursos de verdades manipuladas, usadas contra aqueles que pensam diferente, oprimem e afirmam que são eles os oprimidos. Com efeito, eles promovem a intolerância contra quem eles acusam de intolerantes. Para Douglas Murray tudo isso tem um propósito que “desconhecido para algumas pessoas, deliberado para outras — é incluir uma nova metafísica em nossas sociedades; uma nova religião, se preferir“.
Destarte, este é o grande objetivo da esquerda identitária: redesenhar a sociedade à luz das teorias marxistas criando novas ideologias que representam os anseios das minorias. Isso implica na reconstrução de todas as estruturas da sociedade, remodelando os seus valores, quando não destruindo-os, com o objetivo de recriar o próprio homem. Douglas explica que “a interpretação do mundo através das lentes da “justiça social”, da “política de identidade de grupo” e da “interseccionalidade” provavelmente é o mais audacioso e abrangente esforço, desde o fim da Guerra Fria, de criar uma nova ideologia” . De fato, as ações empreendidas neste sentido são claras e visíveis. Grandes órgãos internacionais como a ONU, a OMS, bem como ONGs e as empresas high-tech, com bilhões de dólares sendo direcionados para laboratórios de engenharias sociais, indústrias de engenharia bio-genética entre tantos outros investimentos em ações que fazem faz parte da agenda da Nova Ordem Mundial. A destruição da família tradicional, dos valores judaico-cristãos, tudo é parte de um plano da elite global para construir um mundo unificado em uma só cultura, uma só religião, uma só linguagem e um só pensamento que sedimenta as bases de uma entidade máxima chamada Estado Absoluto e Universal.
O pós-moderno está nos conduzindo à destruição espiritual e mergulhando num abismo de insegurança em todos os sentidos. Não se vê esperança para a humanidade a não ser um sentimento de vazio profundo que ocupa a mente e o espírito, sobretudo os jovens que mergulhados em temas autodestrutivos não lutam por valores pautados na realidade objetiva. Como diria José Ortega y Gasset, somos boias à deriva neste mar de ilusões em que se transformou a vida moderna. Estamos sendo sufocados pelas ideias como política de identidade de grupo, justiça social, interseccionalidade e mais uma miríades de teorias pós-modernistas que na prática nos sufoca e só alcança o resultado oposto ao que se propõe combater que segundo Murray é a trindade pelo qual o mundo atual é visto, interpretado. Neste sentido Murray verifica que esses conceitos são destrutivos uma vez que não oferecem uma base sólida sobre as quais possamos dar credibilidade às identidades que deles brotam, e o resultado é, por exemplo, em relação a interseccionalidade “trata-se do convite para passarmos o resto da vida tentando identificar cada alegação de identidade e vulnerabilidade em nós mesmos e nos outros, e então nos organizarmos ao longo de qualquer sistema de justiça que possa emergir da perpetuamente mutável hierarquia que descobrirmos“.
Estamos mergulhados num mar confuso de ressentimentos sem que de fato haja algum traço de verdade por trás disso. Até porque a verdade é frequentemente relativizada a tal ponto de não ser possível saber de fato o que é estar certo ou errado, uma vez que tudo é relativo. Sendo assim não há verdade única, segundo o pensamento dos pós-modernistas.. Douglas Murray esclarece que “um dos traços dos pensadores marxistas é que eles não hesitam ou se questionam em face da contradição, como poderia fazer qualquer um tentando chegar à verdade“. O problema é que na visão dessa gente a verdade não é um fim em si mesmo, mas um meio para se alcançar o objetivo. Ao sabor das circunstâncias a verdade mudará de acordo o objetivo a ser alcançado. Os fins justificam os meios. Douglas Murray explica que para “o propósito de amplas parcelas da academia deixou de ser a exploração, a descoberta ou a disseminação da verdade. O propósito se tornou a criação, a promoção e a propaganda de um ramo particular e peculiar de política. O propósito não é a academia, mas o ativismo“. O caso das raças é notório pois “quando a questão da raça parecia finalmente superada” explica Douglas Murray, “elas decidiram transformá-la mais uma vez na questão mais importante de todas“.
Está aqui evidenciado a distorção da realidade para alcançar um fim específico. Por conta, disso somos obrigados a conviver com coisa do tipo como apropriação cultural que impede que qualquer branco, por mais bem intencionado que esteja, de fazer uso de qualquer traço da cultura negra, ainda que seja para combater o próprio racismo ou ainda, a polêmica do banheiros frequentados por trans e a linguagem neutra. São comportamentos que refletem a loucura em que vivemos, a loucura das massas.