Nas décadas seguintes à Segunda Guerra Mundial, os EUA e a URSS protagonizaram o que ficou conhecido como Guerra Fria, termo cunhado pelo escritor George Orwell em 1945, autor da célebre obra 1984. Este período foi marcado pela intensa tensão entre as duas superpotências, caracterizada pela corrida armamentista nuclear e pela disputa pela hegemonia espacial. Durante esses anos, o mundo viveu sob a constante ameaça de uma guerra nuclear, com os Estados Unidos e a antiga União Soviética à beira de um possível conflito catastrófico.

  Felizmente, essa guerra tão temida não se concretizou, principalmente graças ao acordo de desarmamento nuclear firmado em 1970, conhecido como Tratado de Não-Proliferação Nuclear, que trouxe um alívio palpável para a humanidade. No entanto, mesmo após esse acordo, o mundo continuou a enfrentar o espectro da destruição total, dada a persistência de arsenais nucleares capazes de aniquilar a raça humana.

  Atualmente, o mundo ainda enfrenta ameaças significativas de conflitos nucleares, particularmente visíveis no Oriente Médio, onde países como Irã e Israel possuem arsenais nucleares, especialmente o Irã, cujo governo é conhecido por sua postura radical e fundamentalista. Na Ásia, a Coreia do Norte também representa uma ameaça com suas armas nucleares, frequentemente utilizadas para intimidar. Além disso, a tensão entre Rússia e Ucrânia intensifica o risco nuclear, exacerbado pelas ações do líder Vladimir Putin contra os membros da OTAN.

 Entretanto, além das preocupações com uma guerra nuclear entre superpotências, há outros eventos contemporâneos que têm alarmado analistas políticos. Graham Allison, em seu livro “A Caminho da Guerra”, apresenta um cenário sombrio de um possível conflito nuclear entre EUA e China, além de uma guerra cultural e econômica sem precedentes na história das grandes nações.

  Para Allison, se esse temido conflito ocorrer, a responsabilidade pelo fim do mundo como o conhecemos recairá sobre EUA e China. No entanto, antes desse cenário derradeiro, uma guerra silenciosa já está em curso entre essas superpotências, com a China emergindo como líder em áreas como tecnologia, crescimento econômico, desenvolvimento de patentes e armamento convencional e nuclear.

  Allison observa que a China, ao contrário da antiga URSS, adaptou-se ao capitalismo, tornando-o aliado em vez de adversário. Ele argumenta que a Guerra Fria terminou mais com um suspiro do que com o estrondo temido por líderes de ambos os lados.

  Embora Graham Allison mencione a possibilidade de uma Alemanha emergir como superpotência, a análise indica que seu poder continua sendo predominantemente econômico e diplomático, sem uma presença militar proeminente que pudesse ameaçar a paz mundial.

  No entanto, as lições de Allison nos alertam sobre os perigos da armadilha de Tucídides, quando uma potência emergente desafia uma dominante, um padrão observado na Guerra do Peloponeso na Grécia antiga. Hoje, os EUA e a China representam uma dualidade perigosa, onde a paciência estratégica chinesa contrasta com o imediatismo americano.

  Allison sugere que compreender melhor os objetivos chineses pode preparar os EUA para lidar melhor com suas diferenças. Ele também critica o declínio da ética pública, a corrupção institucionalizada, o eleitorado mal informado e distraído, e a cobertura rasa da mídia, exacerbados pela era digital.

  De maneira otimista, Allison intui que o nacionalismo chinês centrado nos valores de Xi Jinping pode restaurar a integridade de um sistema chinês que foi erodido pelo materialismo desenfreado.