O que acontece quando um ateu e um cristão resolvem revisitar os clássicos da literatura e a partir disso trocar impressões sobre o sentido e propósito da vida? O psiquiatra e escritor Theodore Dalrymple e o professor teólogo Kenneth Francis fazem reflexões sobre o sentido da vida no livro “O Terror da Existência”, em que avaliam o homem na perspectiva de autores e suas obras com profundo teor existencialista. Em princípio, somos inclinados a acreditar que haverá um embate entre duas visões diferentes do mundo.  Entretanto, o que se vê é a convergência de ideias para um tema comum: a existência do ser pensante. De Eclesiastes ao teatro do absurdo, na visão de ambos, é uma análise do trágico na vida humana. 

         Neste livro os autores refletem sobre o problema da existência em obras primas como “Eclesiastes”,  “Esperando Godot”, “Um dia na vida de Ivan Deníssovitch”, “O Apanhador no Campo de Centeios” entre outras. Os livros escolhidos pelos autores expressam a angústia de viver e a busca por compreensão, sentido e propósito.

         Sem guia, o homem hodierno se encontra num oceano de indivíduos vazios, boiando à deriva, nas palavras de Ortega y Gasset. Resta-lhe aceitar o pós-moderno com as suas pós-verdades que põe o homem face a face com a sua insignificância. Sem rumo, agarra-se à moralidade dos masoquistas, sem existência, sem sentido, sem vida.

         A metáfora “Teatro do Absurdo” é a face revelada de um mundo embrutecido e narcisista. Porque somos pó, a ele retornaremos, mas a soberba e a vaidade obscurecem a imagem do homem que não reflete a do Criador, pois perdido está o homem em seus vícios e sede de poder. Para Francis o terror da existência ocorre quando um homem perde a fé em Deus. Para Dalrymple, quando o homem não se reconcilia consigo mesmo. Para ambos, de certa forma, o terror da existência é a ausência de sentido. Para quem caminha sem propósito, Deus está morto.

“A condição humana sendo que é vulnerável a todos os tipos de momentos espirituais de reflexão filosófica porém se o teísta tem uma saída baseada não apenas em pensamentos positivos ou fé cego a única saída faz a existência é criar o seu próprio mundo ou um ministério cometendo impensável fatal”.