“Aprender a estudar para aprender”. Há nesta frase mais que jogos de palavras com potencial apelativo. Para entender a sua profundidade é preciso que algumas perguntas sejam feitas. Por exemplo: Por que a maioria dos alunos tem dificuldade para aprender? É possível estudar de maneira que haja retenção e compreensão do conteúdo? Questões como essas têm tirado o sono de muitos profissionais da pedagogia e da neurociência. 

No geral, a dificuldade de estudar e aprender, não só dos alunos, mas de todos aqueles que pretendem aprender através dos estudos é imensa e se reflete nos resultados dos mais diversos tipos de avaliação. No Brasil, isto é um fato notório: os alunos concluem o ensino médio sem compreender o que leem. Têm imensas dificuldades para articular ideias e uma tremenda pobreza de linguagem. 

Há muitos livros que debatem a dificuldade de aprendizagem dos alunos. Vale ressaltar que isso não é apenas comum no Brasil, mas em boa parte do mundo, sobretudo nos países subdesenvolvidos, mas não só a estes, a exemplo dos Estados Unidos e do Reino Unido, que lidam com o mesmo problema. Com efeito, estes livros, quase sempre associam a dificuldade de aprendizado aos métodos ou às condições de ensino, bem como à precária formação pedagógica da maioria dos professores. Nesta perspectiva, estes livros direcionam como superar as dificuldades de aprendizado, tanto dos professores como dos alunos. 

Neste contexto, destacam-se o professor “Emílio Mira y López” e o seu excelente livro intitulado “Como Estudar e Como Aprender”. De fato, a obra apresenta para os docentes e discentes caminhos para que haja mais e melhor aproveitamento dos alunos aos conteúdos ensinados, assim como fornece para os professores interessantes recomendações. É uma obra atemporal que ao mesmo tempo que instrui dá valiosos conselhos a fim de formar alunos excelentes que nas palavras do consagrado professor, “germine neles a ideia de não ser menos estudantes, mas de vir ser verdadeiros estudiosos”.

Para Emilio Mira y López, antes de tudo, o aluno deve ter interesse em aprender. Mais que isso, ele deve querer. Ensina o conceituado professor que os alunos encontram-se estratificados em quatro partes: Em 25% encontramos os alunos dispersos, o que o professor chama de “estar sem estar pronto”, outra parte escuta e presta atenção de forma fragmentada, é o que ele chama de “alunos vai e vem”. Aponta Emilio Mira y López que esses alunos, estão presente em sala de aulas, mas não apropriadamente podem ser chamados de estudantes.

Além disso, na metade restante, 80% estudam por obrigação cujo objetivo é ser aprovado e concluir o curso. Entretanto, nos 20% restantes encontram-se aqueles alunos que estão sedentos de saber. Para estes, segundo o professor, passar de ano é uma consequência:

“Esse seleto grupo se preocupa com a cultura muito mais com um fim do que como um meio, e consciente da verdadeira acepção deste termo, que significa cultivo ou seja armadura espiritual, utiliza os materiais do conhecimento como meros pontos de apoio para chegar à descoberta de verdades universais.”

Ele sustenta que o aluno desses 20% tem um imenso apreço pelo estudo que “fazer de tudo uma fonte de prazer e satisfação é tarefa que incumbe  ao pedagogo, mas ensinar a beber dela na medida das capacidades individuais é tarefa que compete ao técnico da aprendizagem”.