O jornalista Ricardo Coler viajou para o povoado Loshui. Um lugar nos afastados recantos da China. Ele vai ao encontro da sociedade Mosuo, formada por cerca de 25 mil habitantes em que o homem tem papel coadjuvante em todas as esferas e a mulher é quem manda absoluta. Em Loshui não existem patriarcas e todos obedecem e respeitam as matriarcas; todos os homens obedecem às mulheres.
O durante o tempo que Coler passou entre as comunidades Mosuos, ele aprendeu como vivem e se relacionam os homens com as mulheres. Qual o seu papel. Qual é a composição de uma sociedade em que o homem é considerado de papel inferior nas maiorias das decisões, onde as mulheres controlam famílias, lares, finanças, educação e define hábitos e valores que para os ocidentais, homens e mulheres, não fazem sentido.

Coler assim descreve seus objetivos em conhecer uma sociedade matriarcal.

“Uma sociedade com mulheres no comando me permitirá observar quais são os aspectos femininos que se mantêm e quais os que se modificam com a mudança de sistema. ”

O resultado dessa odisseia, Ricardo Coler compila em seu livro “O Reino das Mulheres – O último matriarcado”.

Os homens ocidentais, estão acostumados a dar as ordens, a serem os provedores do lar, a mandar nas nações. Entretanto, conforme Coler reflete, a sociedade patriarcal como a conhecemos está mudando na Europa e nas Américas, com as mulheres cada vez mais assumindo posições na sociedade que antes eram redutos masculinos. Hoje é comum vermos mulheres como grandes líderes governamentais, presidentes de gigantescas corporações, carregando sobre os ombros altas patentes militares, competindo nos esportes em igualdade de condições com os homens, trabalhando e sustentando suas famílias.

Embora seja uma tendência mundial, exceto nos países árabes em que as mulheres continuam sendo vistas como seres inferiores, para viver em uma sociedade matriarcal, o homem terá que rever certos valores machistas disfarçados sobre a afirmação de que cada sexo tem o seu papel na sociedade e que lugar de homem é no controle das coisas.

Imagine-se, um homem ocidental, vivendo em uma sociedade em que o casamento chama-se “axia” ou casamento andante e que consiste em visitas furtivas aos quartos das mulheres sob o consentimento destas? E que este homem não tem casa própria e vive a vida toda com a mãe; que “maridos” e “esposas” não são considerados membros da família? E o pior para a maioria dos machos, a mulher sai para trabalhar na lavoura e o homem é quem deve cuidar das tarefas de casa.
Assim vivem o povo Mosuo que vem lutando para manter suas tradições baseado no ginecocracia: mulheres no poder e que tem o total apoio dos homens que antes a vergonha, sentem-se orgulhosos e tudo fazem para manter suas tradições, a exemplo de quando tiveram que enfrentar a Guarda Vermelha de Mao que sob o pretexto de ser uma afronta a Revolução Cultural Chinesa, obrigava os Mosuos a se casar e a viver sobre o mesmo teto. Era só a Guarda Vermelha dar as costas, e os casamentos eram desfeitos.