Filosofia é a arte do bem pensar (Cortella). No Brasil de 40 anos atrás, por uma série de fatores políticos, a filosofia chegou a ser visto como algo para dementes, pessoas que vivam no mundo da lua ou que gostam de “enrolar” na conversa e não chegar a lugar nenhum (quem já não ouviu a frase “deixe de filosofar e vamos direto ao assunto!”). Que pena que foi assim. Que pena que muitos ainda acham que é assim. Os grandes pensadores desde a Grécia antiga até o século XIX, eram todos filósofos e mestres nas mais variadas ciências. Hoje, se alguém é um expoente máximo em uma área do saber, recebe o título de P.H.D (Philosophiae Doctor no latim) também conhecido como doutorado. Note que P.H.D é traduzido como Doutor em Filosofia, ou Doutor em Alta Filosofia.

Sim, e dai, você deve estar pensando?
Isso significa, que todas os saberes passam pela filosofia. Que ai se explica entre outros fatores, porque a filosofia não era estimulada no ensino básico no Brasil no período da ditadura e porque em 1971 foi substituída pela “disciplina” Educação Moral e Cívica (nada mais apropriado para a época); ou seja a máxima velada era “Povo que é povo não deve pensar”.

Felizmente em junho de 2008 foi criada a Lei nº 11.684 que institui a filosofia na “grade” curricular. Mas a forma de ensinar filosofia, assim como todas as outras matérias, não mudou e por isso, para muitos, o estudo da filosofia é entediante. Mas há alternativas para ir aos poucos criando gosto pela arte do pensar.

Primeiro, indico o livro Mundo de Sofia de Jostein Garden, que conta a história de Sofia, uma adolescente que através de um homem misterioso penetra num mundo de fantasia em que ele aprende sobre a filosofia. A narrativa é cativante, pois o homem misterioso vai aos pouco introduzindo Sofia no mundo dos filósofos a partir de temas ligados ao cotidiano de Sofia. No final, uma revelação que fecha a história com chave de ouro. Simplesmente belo.