Por uma outra Globalização
Milton Santos foi um dos mais importantes intelectuais da esquerda no Brasil. Em uma das suas obras mais famosas, Por uma outra Globalização, o Milton Santos retrata o pensamento coletivo e universal como o meio para um relacionamento harmonioso e igualitário entre os povos. Milton Santos acredita numa sociedade com a globalização da humanidade em detrimento as técnicas, ao consumismo, ao capitalismo.
O respeitado geógrafo argumenta que o espaço público precisa ser revisto no mundo globalizado e propõe uma nova globalização mais humana e menos capitalista. Para Milton Santos o espaço público precisa ser globalizado sem uma economia que o capitalize. Milton escreve que a técnica, um conjuntos de saberes que as pessoas precisam dominar no mundo globalizado e capitalista com intuito econômico, nos tornam instrumentos consumidores e desumanizados. As influências do pensamento progressista do século XX é perceptível nesta obra de Milton Santos e isto em nada lhe reduz o brilho na busca por uma outra globalização.
O autor argumenta que:
“A globalização é, de de certa forma, o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista. Para entende-la como, de resto, a qualquer fase da história, há dois elementos fundamentais a levar em conta: o estado da técnica e o estado da política.”
“Tirania do dinheiro e tirania da informação são os pilares da produção da história atual do capitalismo globalizado.”
“Afirma-se, também, que a “morte do Estado” melhoraria a vida dos homens e a saúde das empresas, na medida em que permiti. ria a ampliação da liberdade de produzir, de consumir e de viver. Tal neoliberalismo seria o fundamento da democracia. Observando o funcionamento concreto da sociedade econômica e da sociedade civil, não é dificil constatar que são cada vez em menor número as empresas que se beneficiam desse desmaio da Estado.”
“Sem essas fábulas e mitos, este período histórico não existiria como 6. Também não seria possível a violência do dinheiro. Este só se torna violento e tirânico porque é servido pela violência da informação. Esta se prevalece do fato de que, no fim do século XX, a linguagem ganha autonomia, constituindo sua própria lei. Isso facilita a entronização de um subsistema ideológico, sem o qual a globalização, em sua forma atual, não se explicaria.”
“E a finança move a economia e a deforma, levando seus tentáculos a todos os aspectos da vida. Por isso, é lícito falar de tirania do dinheiro. Se o dinheiro em estado puro se tornou despótico, isso também se deve ao fato de que tudo se torna valor de troca. A monetarização da vida cotidiana ganhou, no mundo inteiro, um enorme terreno nos últimos 25 anos. Essa presença do dinheiro em toda parte acaba por constituir um dado ameaçador da nossa existência cotidiana.”
“O consumo é o grande emoliente, produtor ou encorajador de imobilismos. Ele é, também, um veículo de nardsismos, por meio dos seus estímulos estéticos, morais, sociais; e aparece como o grande fundamentalismo do nosso tempo, porque alcança e envolve toda gente. Por isso, o entendimento do que é o mundo passa pelo consumo e pela competitividade, ambos fundados no mesmo sistema da ideologia.”
“Os papéis dominantes, legitimados pela ideologia e pela prática da competitividade, são a mentira, com o nome de segredo da marca; o engodo, com o nome de marketing; a dissimulação e o cinismo, com os nomes de tática e estratégia. É uma situação na qual se produz a glorificação da esperteza, negando a sinceridade, e a glorificação da avareza, negando a generosidade. Desse modo, o caminho fica aberto ao abandono das solidariedades : ao fim da ética, mas, também, da política.”
“Pode-se dizer então que, em última análise, a competitividade acaba por destroçar as antigas solidariedades, frequentemente horizontais, e por impor uma solidariedade vertical, cujo epicentro é a empresa hegemônica, localmente obediente : interesses globais mais poderosos e, desse modo, indiferente ao entorno.”
“O território não é apenas o resultado da superposição de um conjunto de sistemas naturais e um conjunto de sistemas ie coisas criadas pelo homem. O território é o chão e mais a população, isto é, uma identidade, o fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O território é a base do trabalho, da residência, das trocas materiais e espirituais e da Vida, sobre os quais ele influi.”
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