Contra a Idolatria do Estado – o papel do cristão na política, livro do professor de teologia Franklin Ferreira, discorre sobre o papel do cristão ao adentrar na política. Para Ferreira, o Estado precisa governar sob as leis de Deus e de acordo a essas leis este governa o povo. Além disso, Franklin mostra os equívocos construídos para alimentar o censo comum sobre o conservadorismo.
“Por essa razão, uma das propostas deste livro é dissipar a suposição a muito arraigado em nossa cultura que o conservadorismo ou o liberalismo são derivados ou ao menos parentes próximos do nazismo.”
A princípio, o livro parece destinado às pessoas que sendo cristãs pretendem fazer uma carreira política. Mas quando entra no terreno da moral e da ética, sobretudo a moral cristã, e com essa aplicar os ensinamentos sagrados na condução reta dos seus governados, encontra-se um sentido para a ideia ainda que já ultrapassada de um governo teocrático, porém perigosa.
“Uma característica do atual sistema politico brasileiro é que qualquer pessoa pode se candidatar aos mais altos cargos políticos, independentemente da formação acadêmica. Isso não é saudável, pois há sabedoria na busca do conhecimento. Os políticos cristãos devem saber utilizar as várias disciplinas acadêmicas para desenvolver uma cosmovisão cristã que permita, de um lado, identificar as premissas das posições filosóficas e religiosas que mais influenciam a sociedade e, de outro, oferecer respostas respeitáveis satisfatórias, com base na fé cristã.“
Uma nação em que as leis sagradas dão origem à leis dos homens, tende a ser um governo justo, pelo menos em teoria. Mas a vida de hoje é bem diferente da época de Salomão. Os riscos de pender para o lado do radicalismo é muito grande quando a religião serve de base para o Estado governar. Isto pode dar lugar ao fundamentalismo e este por sua vez é o caminho para a opressão. Por isso os cuidados ao conduzir o pensamento para:
“O político cristão deve ter capacidade e coragem para criticar a cultura, questionando suas motivações, mensagens e propostas. Com base em uma crítica da cultura fundamentada na Escritura, os que servem na esfera pública devem trabalhar para criar projetos de lei que estejam de acordo com a cosmovisão cristã sem, porém, terem de necessariamente ser formulados pelo uso da linguagem da fé, como parece implicar a falta de menção do nome de Deus no livro de Ester e devem se levantar contra leis e situações que contrariam a fé cristã.”
O bom homem governa com sabedoria e o povo o segue porque sabe que este o conduzirá ao caminho da beatitude. Mas não creio que está seja uma alternativa mais indicada para que uma nação seja governada por princípios éticos e morais. Porém o homem que tem como base esses princípios fará o governo justo com bases nos idéias de liberdade e justiça, mas será sempre tentado pelo poder.
A intenção do autor, parece, é orientar os cristãos que pretendem entrar na política e evitar a paixão pelo poder, e por isso à idolatria a coisa pública, e direcionar a sua fé para exercer o papel político com retidão cristã. Pode ser, porém é preciso cautela.
Entretanto, implícito no título do livro há outro aspecto que precisa ser considerado. O homem é por natureza como diria Étienne de La Bóetie em seu famoso Discurso da Servidão Voluntária que somos servos do Estado por vontade própria. Bruno Garschagen em em seu livro Pare de Acreditar no Brasil, confirma a tese de que “amamos” e idolatramos o Estado. Gostamos de transferir para este às nossas dificuldades em resolver nossos problemas, e como vítimas, nos colocamos sob a guarda deste e esperamos que abra suas asas protetoras e nos cubra com seus benefícios, mesmo que para isso tenhamos que pagar um preço muito alto.
Neste sentido, vai além de idolatrar o Estado em detrimento a obediência aos princípios e razões das coisas de Deus. E até mesmo o caminho para o governo justo baseado nos princípios cristãos poderá cair no fundamentalismo.
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