Até hoje muito se especula sobre a religiosidade de Einstein. Na internet, alguns afirmam que o maior gênio do século XX foi ateu, outros afirmam que Einstein era religioso. O próprio Einstein era enigmático em suas declarações sobre religião e Deus, o que dá um pouco de razão a ambas afirmações.
Em seu livro Einstein e a Religião, Max Jammer descreve a relação que Einstein tinha com a religião e com Deus. O livro analisa os aspectos religiosos e filosóficos que de certa forma foram responsáveis pela maneira como Einstein via o mundo ao seu redor.
Definitivamente Einstein não era ateu. Como certa vez afirmara, ele acreditava no Deus de Espinosa, ou seja, no Deus cósmico que está em todas as coisas, mas que definitivamente não era um controlador, não era um Deus pessoal.
Einstein sabia que a ciência não tinha todas as respostas, e que a religião também não, mas que está servia de apoio quando os cálculos se mostravam incapazes de explicar de onde viemos e o que somos. Ele declarava que “a ciência sem religião é manca, e a religião sem ciência é cega”.
A teoria da relatividade mostrou o quanto o homem está mais perto de Deus e mais distante dos valores universais. Neste sentido Einstein era religioso, pois acreditava que era necessário um sentimento religioso para a construção do pensamento científico.
Todas as especulações mais refinadas no campo da ciência provém de um profundo sentimento religioso; sem esses sentimentos, elas seriam infrutíferas.
Contudo, o mesmo autor desta declaração, também foi autor de outra: “muito me desagrada que ensinem aos meus filhos algo que contrarie todo o pensamento científico” – referindo-se ao ensino religioso. Einstein despertou a fúria de muitas comunidades religiosas com a sua crença no Deus cósmico. Crença criticada na mesma proporção das suas teorias cientificas, principalmente pelas comunidades judaicas e protestantes.
Não existe nenhum caminho lógico que leve a criação de uma teoria, mas apenas tentativas tateante de construção, através de considerações criteriosas do conhecimento factual.
Tente penetrar, com os seus recursos limitados, nos segredos da natureza, e descobrirá que, por trás de todas as concatenações discerníveis, resta algo sutil, intangível e inexplicável. A veneração dessa força, que está além de tudo o que podemos compreender, é a minha religião. Nessa medida, sou realmente religioso.
O determinismo irrestrito não admite um Deus que recompense e castigue os objetos de sua criação, e cujos propósitos tenham por modelo os nossos.
Acredito no Deus de Espinosa, que se revela na harmonia ordeira daquilo que existe, e não num Deus que se interesse pelo destino e pelos atos dos seres humanos.
Chegamos ao estágio em que a religião autêntica depara com uma dificuldade cada vez maior de levar uma vida honesta, e lhe falta por completo a coragem de morrer com bravura e dignidade. Qualquer coisa serve, desde que receba o nome de Deus. Esse é um termo que ainda exerce um poder hipnótico sobre os que pensam, e é com o apoio dos que não pensam que a religião estabelecida espera seguir adiante. Rabino Herbert S. Goldstein
Dois anos após eu ter publicado esta resenha, a “Carta de Deus” que Einstein escreveu para o filósofo alemão Eric Gutkind, autor do livro “Escolha a vida: o chamado bíblico para a rebelião”, no qual sustentava que o povo judeu era o escolhido por Deus foi vendida em leilão por $2,9 milhões. A carta representa a indignação de Einstein diante das argumentações de Gutkind de que os judeus são especiais por ter sido escolhidos por Deus.
O que isso revela? O fato mostra que se dá mais importância ao “ateísmo” não comprovado de Einstein que à sua filosofia moral. A carta é utilizada hoje como evidência de que cada vez menos cremos em Deus como criador e nosso protetor. A carta que coaduna com as ciências de Einstein (sua Teoria Geral da Relatividade) ao colocar o homem como o centro do universo, não representa a filosofia de Einstein sobre a vida, pois da natureza e da não evidência da existência de Deus, ele retirou a prova de que Deus existe (ainda que nunca tenha publicamente admitido), pois maravilhado com as suas descobertas, se deixou levar por pensamentos que dizem que não somos obra do acaso.
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