No século XIV um monge beneditino, Tomás Kempis, escreveu sobre como nós, cristãos, devemos conduzir as nossas vidas. Ele aconselha a devotarmos as nossas vidas ao Nosso Senhor Jesus Cristos. São grandes conselhos espirituais que iluminam o caminho até Deus direcionando-nos à Palavra do Nosso Senhor Jesus Cristo, pois disse Cristo: “sede santos, porque eu sou santo” (1Pe 1.16). O servo de Deus, Tomás Kempis, nos convida a nos consagrarmos à imitar O Nosso Salvador e ensina a caminhada do bom cristão numa obra devocional escrita por ele no século XV intitulada A Imitação de Cristo. O livro contém conselhos para quem, em total obediência a Jesus Cristo, deseja conhecer a verdade que há em Cristo e morar em seu Reino. O filho de Deus não pôs distância entre nos e Ele, pelo contrário, pelo exemplo, colocou-se inseridos entre os humildes e ensinava “Bem-aventurados os que choram, pois eles serão consolados.” (Mt 5,4) , portanto, imitá-lo não é impossível.
“Quem me segue não anda em trevas, diz o Senhor. São palavras de Cristo, com as quais nos admoesta que imitemos sua vida e costumes, se queremos verdadeiramente ser alumiados, e livres de toda a cegueira do coração. (Jo 8, 12.) Seja, pois, nosso principal estudo, meditar na vida de Jesus Cristo“.
Viver imitando Cristo, não há melhor escolha de vida. É o sentido para a salvação da alma porque somente em Nosso Senhor Jesus Cristo encontramos as perfeitas condições para servir a Deus. Jesus Cristo disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim“. Cristo é o exemplo perfeito de santidade. Todos nós, se nos desapegarmos da riqueza e dos vícios, estaremos às portas dos Céus, porque disse Cristo: “É mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus” (Mt, 19, 24-30). Cristo é o Caminho, a Verdade e a Luz e ninguém entrará no Reino de Deus se não for através Dele. Somente as nossas ações compromissadas com a Verdade em Cristo nos conduzirão a Deus. Sejamos devotos. Devemos buscar a graça da devoção diligentemente, ensina o bom monge em sua obra.
“Deves buscar com diligência a graça da devoção, pedi-la com instância, esperá-la com paciência e confiança, recebê-la com gratidão, guardá-la com humildade, cooperar solicitamente com ela, e deixar a Deus o tempo e o modo em que se digne visitar-te“.
Vivemos em um mundo de descrentes. Os que professam a sua fé a renega pelos atos e submissão aos vícios e corrupções. Os verdadeiramente devotos a Deus, são aqueles que a praticam através do Nosso Senhor Jesus Cristo. O sábio homem nos ensina que devemos ser diligentes na busca pela devoção a Deus e esperar com paciência e confiança entregando tudo à vontade de Deus, como o Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, o fez.
“Qualquer pois que levantar sua intenção a Deus com singelo coração, e se despojar de todo o amor ou ódio desordenado de qualquer coisa errada, será próprio para receber a divina graça, e se fará digno do dom da devoção“.
A recompensa para os devotos, verdadeiramente fiéis e resolutos à Deus é o próprio dom da devoção. Porém, Deus não selecionou apenas alguns privilegiados, beneficiários únicos do dom da devoção. Deus não nos inspirou o dom da devoção como algo inato. Pelo contrário, Deus nos mostra que os meios para alcançá-lo depende de nós, de quanto estamos dispostos a amar e seguir imitando o Nosso Senhor Jesus Cristo.
“Este deveria ser nosso principal empenho: vencer-nos a nós mesmos, fazermo-nos cada dia mais fortes, e melhorar-nos em nosso aproveitamento. […] Não há paz no coração do homem carnal, nem no do que se ocupa das coisas exteriores, mas no do que é fervoroso e espiritual”.
Quão difícil é levar uma vida consagrada a Cristo quando não se está disposto a sacrificar os interesses egoístas; quando se está tomado pela vaidade; quando se está encantado pelas coisas do mundo. Tudo fica mais difícil. Seria porque o caminho para Cristo é áspero? Não é — caminhar até Cristo, verdadeiramente, não causa sofrimento. Cristo sofreu todas as dores do mundo por nós. O que nos faz sofrer é o apego às coisas deste mundo. O que torna difícil a nossa jornada até Cristo é a nossa prepotência, nosso egoísmo e hipocrisia. Sejamos resolutos ao abandonar as coisas terrenas e a nos apegarmos às coisas dos Céus. Disse Jesus Cristo; “Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. 21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt, 6:20).
“Ó dulcíssimo e amantíssimo Senhor, a quem agora desejo receber devotamente! Vós conheceis a minha fraqueza, e as necessidades que padeço; sabeis em quantos males e vícios estou abismado, quais são meus trabalhos, minhas penas, tentações, meus cuidados, e minhas iniquidades“.
Ora, o primeiro passo para a entrada no Reino de Deus é ter humildade de coração, pureza de sentimentos, depois, reconhecer que somos pecadores e que nos arrependemos de todas as nossas transgressões e iniquidades (as pequenas e as grandes), pois Deus sabe tudo. O segundo é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si próprio. Quem mente para o mundo não esconde de Deus, porquanto Ele conhece a nossa natureza e sabe quando estamos mentindo. Quem mente para si, o faz também para Deus. Sejamos devotos de corpo e alma, pois a devoção de Filho amado de Deus por nós foi total e irrestrita a ponto de morrer na cruz para a nossa salvação.
“Se eu soubesse quanto há no mundo, e não tivesse caridade, de que me aproveitaria diante de Deus que me há de julgar segundo minhas obras?”
Destarte, sejamos humildes e reconheçamos a nossa insignificância perante a Deus. Somos nada se não temos a Deus. Abramos os olhos e nos afastemos de tudo aquilo que pode nos tornar vaidosos. Tudo o que a nossa vaidade constrói pode Deus fazer desaparecer num piscar de olhos. Façamos a obra que Deus espera de nós. Quem pratica a verdadeira caridade, aos olhos de Deus, Lhe está ofertando. Sejamos caridosos como a viúva (Marcos 12:41-44) que deu a Deus o pouco que tinha e vamos praticar a caridade desinteressada , sem esperar nada em troca e nem holofotes (Mt 6). Portanto, façamos boas obras, mas somente aquelas que nos ensinou Deus através da boca do seu Filho Amado.
“A obra exterior sem caridade de nada aproveita, mas tudo o que se faz com caridade, por pouco e desprezível que seja, produz abundantes frutos; porque mais olha Deus para o afeto com que obramos que para a obra“.
“Muito obra quem muito ama. Muito faz quem tudo faz bem. Bem obra quem serve mais ao bem comum que à sua vontade própria. Muitas vezes parece caridade o que é amor-próprio; porque a propensão de nossa natureza, a própria vontade, a esperança de recompensa, o gosto da comodidade raras vezes nos deixam“.
“Quanto mais um homem quiser ser espiritual, tanto mais amarga se lhe fará a vida presente; pois melhor conhece e mais claramente vê os defeitos da corrupção humana“.
Não é fácil resistir às tentações do mundo. Jesus Cristo disse para Satanás quando por ele foi tentado: “Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4:4). Isso porque somente a Palavra de Deus é a nossa salvação e o nosso verdadeiro alimento que vem até nós através do seu Filho amado, Jesus Cristo. Por isso sejamos imitadores de Cristo.
“Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?” Ezequiel 33:11