Mário Ferreira dos Santos desenvolveu a Pentadialética e a Decadialética como ferramentas analíticas fundamentais para a sua Filosofia Concreta. Esta corrente filosófica argumenta que a filosofia deve ter suas bases em experiências concretas, em oposição à abstração puramente teórica. A Pentadialética, especificamente, busca simplificar enunciados filosóficos através de uma estrutura lógica que integra diferentes dialéticas, como as de Platão, Hegel, Marx e Nietzsche, em dez categorias que guiam a análise até que todas as dissensões sejam resolvidas.

  No entanto, segundo Olavo de Carvalho, que explora essas ideias na obra em questão, Mário Ferreira dos Santos falhou em aplicar adequadamente essas ferramentas. Para Olavo, a Pentadialética deveria ser empregada diretamente em casos concretos, como exemplificado em sua análise crítica do socialismo.

  Olavo de Carvalho postula que a Filosofia Concreta de Mário Ferreira dos Santos possui uma estrutura analítica ainda mais clara do que as sumas medievais, onde as teses estão interligadas por um elo de necessidade evidente, todas ancoradas em algo inicialmente factual. Essa abordagem visa estabelecer sínteses sobre realidades concretas, buscando extrair resultados úteis, não se limitando à mera definição de conceitos.

  Sobre o socialismo, Olavo afirma: “A análise conceitual do socialismo nunca chegará a dizer algo essencial sobre o movimento socialista historicamente”. Ele contrasta essa visão com o objetivismo de Ayn Rand, que defende que os conceitos se formam a partir da razão e da realidade, rejeitando a análise abstrata desconectada da compreensão racional e factual.

  Olavo e Mário divergem principalmente na aplicação da dialética: enquanto Mário se equivocou ao aplicar seu método aos conceitos, Olavo defende sua aplicação direta a casos concretos para uma compreensão mais clara da realidade factual.

  Assim, o objetivo dos estudos dos métodos dialético-lógicos de Mário Ferreira dos Santos, na perspectiva de Olavo de Carvalho, é oferecer ao leitor ferramentas poderosas para a análise de fatos concretos e a obtenção de respostas claras. Assim, algumas diretrizes são necessárias para a compreensão do método de Mário Ferreira dos Santos, conforme ensina Olavo de Carvalho:

  1. O exame dialético desenvolvido em cinco ou dez partes visa desenvolver uma filosofia concreta, evitando a armadilha do abstracionismo. Olavo critica o autor por ter falhado em concretizar seu projeto, permanecendo em abstrações comuns na filosofia, resultando em uma obra obscura e de difícil compreensão.
  1. A técnica consiste em desdobrar um problema.
  1. Na obra, Olavo propõe fazer o que considera que Mário deveria ter feito: “irei examinar um tema concreto não abordado por Mário — o socialismo — para mostrar a eficácia deste método quando aplicado a realidades factuais”.
  1. Olavo aplica os cinco níveis da Pentadialética ao socialismo, ao contrário de Mário, que não o fez sobre um fato concreto.
  1. Olavo investiga se é possível considerar o socialismo como uma unidade.
  1. Ele questiona: “Mas qual é a unidade do movimento socialista, e não do conceito de socialismo?”. Para Olavo, é essencial distinguir entre o conceito e a realidade factual, buscando um elo concreto que define o movimento socialista como uma autoimagem compartilhada pelas pessoas, mesmo que não compreendam plenamente o conceito ou a realidade por trás do socialismo.
  1. Olavo conclui que “É este, portanto, o conteúdo que individualiza o socialismo: é uma autoimagem nutrida por indivíduos que se comprometem com uma ideia de futuro global e acreditam estar realizando uma aspiração universal. Essa é a unidade do movimento socialista”.
  1. A ideia de parte é a de pertencimento. Mário verifica se as ideias pertencem ou estão ligadas a algo que lhes dá legitimidade. Para Olavo, a parte é o grupo ou movimento ao qual a ideia socialista se aplica, considerando a relação entre ideologia e os grupos de movimento que a sustentam.
  1. Olavo examina a ideia de parte no contexto do socialismo, comparando-o a outras correntes históricas, políticas e morais, como fascismo, nazismo, etc.
  1. Ele argumenta que o socialismo, sendo uma unidade auto definida, é antagônico a outras correntes, o que o coloca dentro de um conjunto de movimentos diversos.
  1. “A autodefinição do movimento ocorre na prática, e compreendê-lo dessa forma é compreendê-lo como série”. O socialismo, entendido como série, mostra uma persistência ao longo de mutações camaleônicas, situando-se na história dos movimentos de classe e no pensamento marxista.
  1. De acordo com Olavo de Carvalho, o socialismo se torna um sistema quando sua unidade e suas manifestações históricas se conjugam, esgotando suas possibilidades de atualização.
  1. Ele sugere que, entendido como um sistema complexo, o socialismo pode ser avaliado na escala da universalidade, devido à sua capacidade de revisitar e perpetuar seus princípios.

Portanto, Olavo demonstrou um exemplo prático da aplicação do método renomado filósofo Mário Ferreira dos Santos.