A cultura woke é um movimento social perigoso. Ele é tão radical e perigoso que tem deixado muitos segmentos ideológicos da esquerda apreensivos. O pensamento woke é questionável por todos que não são woke mas compreendem o seu significado e objetivos. Na verdade, a questão identitária, base do pensamento e ações woke ( o wokeismo também conhecido como “justiça social em perspectiva crítica”), deixou de ser uma representação honesta daqueles que anseiam por justiça social para ser, em ações violentas, irracionais e estúpidas, um instrumento de destruição do Ocidente.
Com efeito, desprovidos de qualquer lógica argumentativa e senso de proporções, a fim de fazer de se opor “a branquitude”, os wokes criticam todas as ideias e atos que são contrárias às suas. Para atingir tais objetivos, eles estão buscando a destruição de instituições que na sua visão homenageiam aqueles que foram responsáveis pela escravidão dos negros e instigam o cancelamento de pessoas que não aderem aos seus dogmas, sejam elas negras ou brancas. Destarte, parece que os wokes são movidos apenas por uma ideologia: o ódio absoluto a tudo aquilo que se coloca contra a sua visão de mundo. O movimento woke partiu de um dos segmentos da esquerda, porém não se identifica com ela.
Contra esse disparate, a direita e a esquerda se tornaram aliados para frear o impulso destrutivo da cultura woke. Neste contexto, destacam-se as contundentes críticas do linguista norte-americano John McWhorter em seu livro “Racismo Woke“. Nesta impactante obra, o renomado professor demonstra que a militância woke traiu o movimento antirracista, criando como arma de destruição uma espécie de racismo alimentado por puro ódio provido de extrema irracionalidade contra tudo que não estão de acordo com às suas crenças e valores. Desta maneira, o movimento woke se coloca na contramão da luta por igualdade de direitos, pelo fim da pobreza e por uma “justa justiça”, que há décadas são as legítimas bandeiras dos movimentos contra o racismo.
“O movimento antirracista contemporâneo não trabalha para combater o racismo, trabalha, sim, para combater alguma forma de racismo”
Realmente, John McWhorter se coloca em uma posição perigosa ao se declarar um opositor à cultura woke. Em seu livro aqui discutido, há vários exemplos de pessoas de esquerda que expuseram suas críticas aos wokes e foram trucidadas pelo “trator woke”. Deveras, na visão deles, quem não é woke é seu inimigo. De fato, John McWhorter faz uma corajosa crítica, como se ver neste trecho da sua obra: “tudo o que você disser, pensar, fazer que não esteja de acordo com a cartilha dos justiceiros sociais fará de você um racista”.
Para o autor da obra supracitada, na cartilha dessa gente, você deve ser um antirracista, desde que encontre reciprocidade nos fundamentos do pensamento woke, assegura o professor, ser woke é pertencer a um fundamentalismo religioso, razão pela qual, em sua concepção, o wokeismo é uma religião, e não um lugar onde se possa discutir ideias e fazer críticas construtivas. John McWhorter adverte que, “se você é um antirracista nos moldes que não encontrem ecos na doutrina fundamentalista dos wokes, então você é um racista.” Desta maneira ele identifica a irracionalidade e a estupidez como princípios do movimento woke que utiliza essas ideias como um instrumento de coerção: se você não está disposto a perder o seu emprego, ver destruída a sua carreira, ser literalmente cancelado, siga a cartilha woke religiosamente.
Embora o professor dê indícios de que é um ateu de esquerda, pois isso parece evidente ao usar a religião cristã como analogia ao dogmatismo woke, deve-se levar em consideração que ao esse instrumento como forma de comparação crítica, ele, assim como tantos outros intelectuais, professores, artistas de esquerda, têm se aliado à direita moderada objetivando frear o movimento woke e sua cultura de destruição. O que importa, nesta perspectiva, conforme vimos até aqui sobre o wokeismo, é pôr um basta nisso tudo, pois no final das contas, o que importa mesmo é encontrar uma forma dos woke restabelecerem contato com as lutas pelos direitos civis, que tanto custaram à esquerda. Luta que para a esquerda moderada tem se mostrado uma tarefa inglória, dado o radicalismo irracional dos woke, que se opõem a qualquer diálogo que vá de encontro às suas ideias. Vimos no livro “Woke S.A.” de Vivek Ramaswamy, postado aqui no canal, o quanto é difícil lutar contra a ideologia woke. Mas, então, há alguma proposta que possa resolver este terrível conflito entre as esquerdas?
Para John McWhorter há. Ele propõe uma polêmica solução em três frentes: acabar com a guerra e a proibição às drogas; ensinar a ler corretamente aos jovens negros e não negros; e superar a ideia de que todos devem ir à faculdade, apostando em cursos que dêem melhores perspectivas de vidas aos jovens. Bem, a mim não me parecem boas ideias. Embora eu acredite no poder da segunda frente, mas como bom conservador que sou, jamais concordaria com o fim da guerra às drogas, por acreditar que, ainda que a guerra às drogas não ponha fim para elas, pelo menos evita que o seu uso e comércio se alastre desenfreadamente com resultados catastróficos para toda a sociedade humana.
Entretanto, vale destacar, o próprio professor foi cético ao propor a solução, pois ele sabe que os “eleitos” — denominação que ele criou em comparação com os judeus, os escolhidos — estão em todas as esferas do poder e em todas as instituições para agirem no menor sinal de manifestação contrária. Afinal, nas palavras do ilustre professor: “todas essas pessoas, os woke, querem mesmo é holofotes, fama, dinheiro e poder. Nunca foi pela defesa dos negros!” Sábia observação do professor. Por fim registre-se também esta: “para essa gente, não há limites para a sua fome por justiça social, mesmo que tenham que ser injustos!”.