Há mais de dois mil anos Jesus de Nazaré fundara a maior entre todas as religiões ocidentais: o cristianismo. Iniciava-se então a base dos princípios morais e éticos da maioria da civilização ocidental.
O que nós, não estudiosos em teologia, aprendemos sobre o cristianismo está longe de explicar os complexos eventos que determinaram qual seria o futuro da Igreja iniciante como representante máxima da fé das milhares de almas que se multiplicavam a uma velocidade espantosa. Jenkins revela que está não foi uma tarefa fácil e muito menos alcançada com as máximas reveladas por Jesus Cristos. Pelo contrário, as conquistas e derrotas não foram alcançadas “dando a outra face” e não “fizeram aos outros aquilo que gostariam que fizessem a si”.
Enquanto as bases que responderiam pelo futuro do cristianismo cristãos não fossem edificadas e institucionalizadas, muitos cristãos e não cristãos iriam morrer.
O livro Guerras Santas de Philips Jenkins, descreve a trajetória daqueles que foram responsáveis pela organização, institucionalização da religião cristã. O caminho a ser percorridos, seria espinhoso e mortal para muitos seguidores. Pela palavra, pela espada, pela fé e pela política a Igreja foi se solidificando. O autor expõe os principais fatos históricos que deram início aos conflitos entre os vários grupos cristãos insurgentes cujo líderes influenciaram a divisão da Igreja. Entre os mortais debates, estava aquele que discutia a questão da natureza divina e humana de Jesus Cristo. Esta contenda nada filosófica, causou grande racha na então embrionária Igreja cristã protagonizada pelos Monofisitas e Calcedônios. Deste conflito e de muitos outros a partir deste, nasceu a maior religião do mundo.
Philip Jenkins, professor de história na Universidade de Baylor (Texas/EUA), elucida em seu livro “Guerra Santa” (original: Jesus Wars ), a trajetória dos primeiros cinco séculos do cristianismo em que se discutiu a natureza de Jesus e o destino da religião cristã e o papel da Igreja nas coisas do Estado.
“De modo bem simplificado, podemos dizer que o destino da doutrina cristã foi muito influenciada por quão bem ou mal o império travou a sua luta contra Àtila, o Huno.”
Jenkins explica que a visão ortodoxa não foi uma posição alcançada por destino:
“Só porque uma visão tornou-se ortodoxa, não significa que foi sempre e inevitavelmente destinada a alcançar esta posição. ”
“Foi tudo mero acaso e acidente.; a menos que, é claro, sigamos a tradição comum de cristãos, judeus e muçulmanos de ver a mão de Deus no curso aparentemente informe da história terrena.” Conclui Jenkins
No primeiro século da era cristã, sábios cristão e outros, defendiam sob qualquer forma suas convicções a respeito da figura de Jesus e como os cristãos deveriam se comportar. Isto gerou conflitos terríveis e aquilo que Jenkins chamou de paradoxo da fé cristã. Neste período a fé era uma só, mas as idéias sobre Jesus e Deus causavam divisões. Surgiam assim duas grandes escolas: Monofisitas e Calcedônios.
“As duas facções aceitavam as mesmas Escrituras Sagradas e a mesma concepção de Igreja e hierarquia, e as duas concordavam com o fato de que Jesus Cristo era Deus encarnado, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Onde discordavam tão violentamente era quanto a natureza de Cristo.”
“Os grandes concílios, como o de Calcedônia, debateram questões básicas, como a busca por autoridade na religião, a relação entre a Igreja e o Estado, as maneiras corretas de ler e interpretar as Escrituras Sagradas, a ética e o comportamento exigidos dos cristãos, e os meios de salvação. “
Todos estes acontecimentos tiveram participações de fanáticos, profetas, sábios, patriarcas, imperadores, reis e rainhas nos primeiros 500 anos da história do cristianismo. Jenkins expõe nas 350 páginas do Guerra Santas todos os fatos relacionados. Particularmente chamou-me muito a atenção os capítulos que tratam da natureza humana e divina de Jesus e a explicação de jenkins para “como a Igreja perdeu a metade do mundo para o islamismo e séculos depois para o protestantismo de Lutero”.
Vale a leitura.
Fidel
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